Excessos XVII – Quem vai a mar havia-se em terra (princípio da precaução II)

Dizem os marinheiros quem vai ao mar havia-se em terra. Quer isto dizer que cada um deve preparar-se para a sua viagem, levando os víveres e agasalhos necessários para a sua viagem.

Dizem também entre os mais avisados que mais vale prevenir do que remediar. Há nesta sabedoria popular algo que é importante capturar para a construção da relevância da ciência na era da complexidade.

A ciência não é neutra e hoje é necessário introduzir no pensamento científico o princípio da precaução. O princípio da precaução é uma forma de pensar o excesso.

Há uma possibilidade de prevenir cientificamente o excesso da ação humana na natureza. Uma precaução que deve ter feita, segundo a UNESCO, de acordo com os princípios da análise científica. Os eventos que são previsíveis.

Excesso XVI – O Princípio da Precaução

O princípio da precaução que tem vindo a ser introduzido pela ciência da complexidade, e tal como já referimos no postal que publicamos sobre o Documento da UNESCO (Mergging XIV), ajuda a entender a questão entre ação e sentido da ação.

Precaução, para o senso comum, é qualquer coisa que é feita para prevenir ou evitar uma possibilidade de alteração ou de qualquer coisa no futuro. Para a ciência da complexidade, contudo, precaução não tem este sentido restrito de prevenção. Na ciência da complexidade o princípio da precaução é um exercício sobre as consequências da ação.

Por isso se fala de princípio da precaução. Princípio porque tem como objectivo estabelecer uma regra moral ou ética sobre o limite e alcançe do bem e do mal duma ação.

O princípio da precaução, na ciência da complexidade, é um exercício científico que tem como objectivo evitar, minorar ou remedair, os efeitos indesejados da ação no futuro. É um olhar antes de ser.

Excessos XV – O dilema do velho do Restelo

Velho_do_Restelo_(Columbano)Quando nos Lusíadas, Luís Vaz de Camões apresentou a personagem do “velho do restelo” (canto IV) como alguém que, simbolicamente, representava o pessimismo ou aqueles que eram contra epopeia, estava longe destes nossos problemas atuais sobre o futuro da humanidade. Ou talvez não !

Manuel de Oliveira no seu Vento e a Fúria (2014) representa esta personagem ), também como alguém que questiona a efemeridade do gesto humano. Por tudo o que se faça há sempre duas faces, uma boa e uma má, sendo que à medida que o tempo passa a ultima tende a esbater ou diluir os aspectos positivos das boas ações

O dilema entre o fazer ou nada fazer, ou se preferirmos entre a conservação e o progresso, a tradição ou a modernidade talvez seja uma falsa questão.

Fronteiras XIV – What is the Precautionary Principle?

What is the Precautionary Principle, and is it Good or Bad?

Interessante modo de mostrar o que é o Principio da Precaução. Filme aqui.

Em síntese o que a UNESCO defendo como Princípio da Precaução é o seguinte.principioplausivel1

Quando a ação humana gera uma possibilidade de criar um qualquer efeito prejudicial, na sociedade ou na natureza, e quando essa possibilidade seja cientificamente plausível há que tomar medidas para minorar ou remediar estes efeitos.

As medidas a tomar (de minoração ou remediação) tem que ser:

1. baseadas na análise científica;

2. e devem ser tomadas antas da intervenção

As condições das medidas a tomar deverãe ser as seguintes:

1. as medidas a tomar deverão estar relacionadas com o potencial da ameaça;

2. Deverá ser ponderados os seus efeitos positivos e negativos (ponderar as consequências);

3. Deverá ser ponderado o efeito de não se fazer nada.

Em  suma, o Princípio da Precaução está baseado em:

  1. no princípio da análise científica,
  2. no princípio relevância da questão. a ação para minorar ou remediar os efeitos prejeduciais de de dão ou acentuam em função duma dada situação;
  3. .numa análise de custo benefício da ação

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Fronteiras XIII – Precautionary Principle

Um princípio definido pela UNESCO.

“No actual ambiente de intensa investigação científica e rápido desenvolvimento tecnológico, de diferentes modos de aplicação dos novos conhecimentos e das inovações constantemente surgem, apresenta-se cada via mais novas possibilidades de desafios. Estamos a beneficiar do maior leque de opções que o progresso nos traz. Com mais escolha temos também mais responsabilidades.

Consciente de nosso papel como curadores do nosso mundo, e em nome das gerações futuras, temos o dever de tomar precauções para o exercício das nossas opções. Esta necessidade de proceder de forma ética é expresso pelos debates sobre o princípio da precaução.

O conceito da precaução não é novo e a compreensão deste princípio, com o tempo, passou a significar coisas diferentes para pessoas diferentes e a sua aplicação, do princípio da precaução, mostra-se controverso na ocasião.

Nascido nas ciências ambientais, o princípio da precaução, tem vindo a amadurecer como um princípio ético com um alcança mais vasto. O valor do princípio da precaução deverá ser visto como um guia de fomações de políticas.

O mandato da UNESCO no campo da ética, da ciência e da tecnologia, leva-a a desempenhar um papel relevante na formulação do princípio da precação para que cada Estado-Membro o possa usar corretamente na suas avaliações sobre a ética da ciência e da tecnologia nas escolhas do presente.

Em conformidade com o mandato recebido dos Estados-Membros (31 C / 5), UNESCO, juntamente com o seu órgão consultivo, a Comissão Mundial sobre a Ética do Conhecimento Científico e Tecnologia (COMEST), reuniu um grupo de peritos para propor uma definição clara do princípio da precaução e fornecer esclarecimentos sobre as possíveis utilizações deste princípio, com o objetivo de oferecer uma plataforma ética para garantir a gestão adequada do risco e informações corretas para os formuladores de políticas públicas e para, tendo em conta o impacto das novas tecnologias.

Temos o prazer de apresentar este relatório de grupo de peritos da COMEST no princípio da precaução, que fornece os Estados-Membros com uma base sólida para a discussão e clarifi es o princípio de uma forma pragmática. Esta é parte de um esforço mais amplo UNESCO está fazendo para promover a capacidade e aumentar a consciência no campo da ética da ciência e da tecnologia. Queremos agradecer o grupo de peritos para trazer a esta tarefa o seu intelecto, entusiasmo e esforço, o que deu origem a este trabalho de qualidade.”

 

Fronteiras XII – Mind Gap Teórico

O crescente número de crises desenvolveu uma nova especialidade em gestão de crises com envolvimento em especialistas ambientais. A ideia é criar novas maneiras de lidar com mudanças dramáticas nos sistemas ambientais. Gestão de crise como mudanças súbitas que envolvem espaços alargados, capazes de lidar com a surpresa.

A solução é a construção dum corpo espacializado em respostas sociais, capazes de atuar a diferentes níveis das administrações

No entanto, em cascata crises ecológicas não estão predestinados a levar a respostas que falharam. Não só um elemento central para a investigação em Estocolmo Resilience Centre, há um corpo crescente de literatura que explora o papel desempenhado pelas respostas sociais que constroem sobre a colaboração entre vários actores a vários níveis

“É impossível prever com precisão que tipo de crises ecológicas irão surgir no futuro ou quais os sectores que serão afectados. A única certeza é que eles acontecerão. Um desafio à investigação fundamental é, portanto, o de entender em que condições em que as instituições e o decisisores serão de lidar com a interação crises sociais e ecológicas e económicas.

Fronteiras XI – Tudo Está Ligado

A questão do aquecimento global tem sido vista como um processo linear, onde por efeito das emissões de Carbono e outros gases com efeito de estufa, o planeta tem vindo a aquecer. Os estudos estimam, que desde o início da Revolução Industrial, a temperatura média tenha aumentado no planete, em média, pelo menos 1 grau centigrado. Estima-se actualmente esse aquecimento, que é superior em determinados pontos, esteja a gerar o degelo das calotes polares, com efeito no aumento médio do nível das águas do mar, alterações no clima, com uma cada vez mais elevada ocorrência de eventos extremos, secas, inundações, ventos ciclónicos, etc.

A resposta que está a ser equacionada é que estes eventos podem ser preparados e a resposta, em situação de crise, podem remediar os danos. A questão é que não só estes eventos podem ocorrer sem que sejam detetados com antecedência, como podem gerar eventos em cascada, como quebrar gerais de produção de alimentos, alterações nos perfis dos factores de risco na saúde pública, novas espécies invasoras. O que temos vindo a perceber é que estes fenómenos estão interligados e geram efeitos em cascata, quer localmente, quer regional, ou em vários pontos do planeta.

Estes eventos extremos desafiam a tomada de decisões e capacidades de coordenação em vários níveis e ameaçam deixar os atores envolvidos em impases e situações de tensão para a a qual não existem respostas preparadas

Estas crises conhecem fronteiras e caracterizam-se por quando eclodem apanhar as partes interesasdas desprevenidas, ampliando os seus efeitos.

Fronteiras X – Crises sem fronteiras

As crises ecológicas súbitas podem gerar efeitos sociais devastadores e recomendam uma revisão nos processos de gestão de crises.

Actualmente assistimos a uma lista de crises. Guerras no Médio Oriente, a expansão do Estado islâmico no norte de África, Migrações intensas na Europa, Tensões na Ucrânia, problemas financeiros na Europa. Outras, menos visíveis ou notadas, são por exemplo epidemias súbitas, como a gripe asiática ou a epidemia de dengue no Rio de Janeiro, em 2008. Estamos perante crises locais, com efeitos regionais com impactos globais.

Será que estamos a lidar com esta crise de forma adequada? Até que ponto estes fenómenos estão ligados e exigem uma abordagem global? Quasi os efeitos que estas crises estão a ter nos diferentes níveis de resposta.

São processos a escala múltipos, que geram efeitos múltiplos e que exigem respostas integradas.

A ciência tem vindo a chamar a atenção para os pontos de ruptura e os limites do planeta e adverte que se verifica uma incapacidade das nações para lidar com os desafios de todo o planeta enfrentar o que se poderá vir a gerar com uma grave mudança das condições ambientais, com o seu potencial efeito em gerar crises sociais. Uma questão que tem merecido, na sociedade uma certa falta de atenção. Uma falta de atenção na academia e nos decisores políticos

Fronteiras IX – Ferramentas da Transição

Estando claro que existem condições para compreender os problemas que enfrentamos há que pensar em que tipo de ferramentas são necessárias para entender e conduzir as tendências de mudança que estão presentes.

Os velhos instrumentos de planeamento, em que as condições de partida e de chegada são estáveis, não nos servem para trabalhar sobre a mudança. Estamos a trabalhar sobre a transformação em diferentes sistemas, bio-fisicos, societais, económicos, tecnológicos, que ocorrem em ritmos acelereado. Há que procurar trabalhar sobre a resiliência dos grupos e seres humanos e suas organizações.

Isso exige uma profunda mudança no nosso sistema de conhecimento (aprendizagem e trabalho), no nosso paradigma de desenvolvimento económico, que deve passar a incorporar de forma mais central e explicita os limites do conhecimento e da sua ação na relação com as fronteiras do planeta.

A ideia do antropoceno é a de que já que são os humanos que conduzem o planete, eles devem fazê-lo dentro dos limites que assegurem a sobrevivência da espécie humana. Deveremos demonstrar que compreendemos os processos de transição para assegurar uma sustentabilidade global.

Fronteira VIII- Limites da ação humana

Vimos que vários ecossistemas do planeta carregam as marcas de ação dos seres humanos, em extensão e qualidade diferenciadas, é certo, mas ainda assim presentes. Sabemos que os padrões de produção, consumo e crescimento da população desafiam os limites do planeta. São estes os limites da ação dos seres humanos. Quais são os limites que enfrentamos:

O primeiro limite da ação é o nosso conhecimento. Somo na verdade a primeira geração que toma consciência de que a ação dos seres humanos produziu uma aproximação aos limites do planete. Não podemos pois ignorar que a nossa ação é sempre uma opção entre o modelo da insustentabilidade que nos conduziu até aqui ou procuramos um modelo que nos pernita transitar para um modelo de sustentabilidade biosocioambiental. Conhecemos isso e negar não é uma opção.

O segundo limite da ação é o da sua escala. Sabemos que a magnitude dos problemas e a sua complexidade é esmagadora. Mas também sabemos que as suas soluções são locais, variadas e que será esse somatório de boas práticas que permitirão resolver os diferentes problemas. É necessário procurar as sinergias positivas, para as pessoas e para o planete. Muitas dessas soluções são de natureza local e giram em torno de questões como a da agricultura, pescas, energia, da segurança alimentar. São soluções práticas para problemas globais que podem ser partilhados e experimentados em diferentes locais e escalas.

O terceiro limite é o da confiança no ser humano. Há razão para ter confiança e esperança no ser humano. Ele é inovador, adaptável, está preparado para resilver questões em conjunto. Há na diversidade de conhecimento uma elevada capacidade de resolução de problemas.

Fronteiras VII – A condução da Transiçãoi

Os seres humanos enfrentam hoje o desafio da sobrevivência num meio hostil. A espécie humana tem sabido enfrentar os desafios da sobrevivência num mundo que lhe era mais ou menos estável. Na era do holoceno, a humanidade afirmou-se como espécie dominante em todo o planeta, assegurando a sua sobrevivência. A questão é que hoje essa sobrevivência implica o reconhecimento de que a capacidade humana de alterar as condições ambientais é de tal ordem, que o risco de alteração irreversível do ambiente se coloca. Trata-se duma nova era, a que mutos já classificam como a Era do Antropoceno. Trata-se duma nova classificação que indica que ta ação dos seres humanos influencia o qe está a suceder no planete, mais dos que os eventos geológicos e naturais.

É certo que estes eventos não desapareceram. Tremores de terra, vulcões, tempestades e furacões permanecem como grandes eventos não controlados. Contudo, no antropoceno, reconhecemos que alguns destes eventos podem ser gerados pela ação humana.

Não sabemos claramente que efeitos decorrerão do aquecimento global, mas sabemos que isso irá ter consequências na eclosão de eventos extremos. Sabemos que a alteração dos sistemas biológicos estão a se influenciados pela ação humana. Há um extinção acelerada da biodiversidade. Não sabemos que efeitos terá essa transformação na saúde humana. Não há hoje na natureza algo que ocorra que não tenha algum efeito da ação dos seres humanos. Nesse sentido não há já uma natureza que evolui de modo independente. A ação humana é uma das variáveis da transformação da natureza. Reconhecer que somos nós que atuamos é um ponto do problema.

Fronteiras VI – A Transição

Falamos da evidência da necessidade da transição do modelo de exploração de recursos bio físicos (ambiente) e de organização societal (cultura). Uma transição de deverá assegurar a sobrevivência dos seres humanos e a distribuição justa (com equidade) dos recursos disponíveis. Nada disso será possível sem um processo económico. Um desenvolvimento económico sustentável.

Um desenvolvimento económico sustentável implica a manutenção do crescimento da renda e da sua distribuição pelo espaço. Implica assegurar a manutenção do acesso à terra para produção de alimentos, implica manter a qualidade da terra arável, acesso aos recursos marítimos e sua manutenção. São desafios para toda a humanidade em escala e em ritmo.

Sem pensar na forma como a economia se deve organizar para atingir esses objetivos é um desafio da transição

Excessos XIV  – os pecados capitais

Afirmamos no postal anterior que os pecados capitais constituem os limites éticos do excesso. Balizam o momento em que passam para além. Este postal também poderia ser incluído na série “mergging” se não estivemops ocupados com outros limites antropocêntricos.

A questão relevante é que constituindo os pecados um excesso que traçam o limite da ação,  as suas oposições não são exactamente  simétricas.

A lista é a seguinte

A IRA: Tem como sinónimos a raiva, a cólera, agressividade exagerada. A atitude que está por detra´s da ira é a vontade de destruir, para dar oportunidade ao renascimento. A sua oposição é o amor sem limites.

A GULA: No sentido literal, gula é o excesso de beber e comer. O seu oposto é a inércia

A INVEJA: É a dificuldade de admirar o outro. A oposição é o amor excessivo ao outros

O ORGULHO: É o brio, a altivez, a soberba. A oposição é miséria do si. A depressão.

A AVAREZA : Define-se como estar excessivamente apegado a alguma coisa levando a um grande medo de faltar, uma percepção de escassez. O seu oposto é a entrega.

A PREGUIÇA: É definida como aversão ao trabalho, negligência. Este sentimento faz com que as pessoas desqualifiquem os problemas e a possibilidade de solução destes. A preguiça não se resume na preguiça física mas também na preguiça de pensar, sentir e agir.  O seu oposto é o activismo.

A LUXÚRIA: É definida como uma impulsividade desenfreada, um prazer pelo excesso. O seu oposto e a castidade.

Excessos XIII – Vontade de Potência

O Eterno Retorno é um conceito não acabado em vida pelo próprio Nietzsche, trabalhado em vários de seus textos aforismo (Assim falou Zaratustra; A gaia ciência; Além do bem e do mal).

O eterno retorno aborda os ciclos repetitivos da vida, a ideia que estamos limitados a um conjunto de factos, que se deram no passado e se repetem no presente, e que eventualmente ocorrerão no futuro. A ciclo do êxtase (guerras, epidemias, ódios, vinganças, ciúmes ) regenerador, ao qual sucedes a temperança.

Com o eterno retorno Nietzsche questiona a ordem da dialética. O mundo não é feito de oposições inconciliáveis, mas como duas faces duma mesma realidade. Polos de complementaridade.

Logo os excessos (o ódio, a angustia, a inveja, a luxúria, a gula, a preguiça, o orgulho) são formas extremadas, instâncias complementares da realidade, que se alternam. Assim o amor exacerbado, a castidade, o activismo, a euforia, a subcomiseração também formas extremadas da realidade: excessos.

Retornando. Como os fenómenos reais carecem de objectividade (ou finalidade) sem os atributos da ação humana (pois se os tivessem não necessitariam dela) a oposição entre os polos complementares não cessa. Assim, sendo o tempo infinito, a relação entre forças complementares é também ela infinita, repetindo-se do passado e no futuro.

Assim o excesso constitui-se como um momento de interrogação do ser. Sobre a sua ação (fazer e estar). Um momento de eternidade. Um momento de questionamento.

O questionamento pode emergir pela moral (ética) ou pela prática, mas implica sempre uma consciência (juízo) sobre o valor particular de cada momento.

Em suma o excesso transporta uma vontade de potência que permite um amor fati ou uma vontade de destino.

Excessos XII O tempo e a alma

Na génese da literatura portuguesa assumem-se duas heranças. A épica e a poética. Talvez Camões em “Os Lusíadas” seja o melhor exemplo dessa síntese.

Uma herança clássica, pela via erudita, estudada sem dúvida em Coimbra, vivida em amores arrebatados nas margens do Mondego.

Será Camões apenas um “clássico”. Qual lugar a herança vernácula na poética camoniana?

Qual o lugar do arrebatamento da alma face aos esconsos do instinto?

Como explicar o tempo da tensão entre os instintos e o desejo do êxtase e a sua relação com os objetos.

Procurando na poética popular dos jograis

Em Lixboa sobre lo mar

barcas novas mandei lavrar,

ay mia senhor velida!

 

Em Lisboa sobre lo lez

barcas novas mandei fazer,

ay mia senhor velida!

 

Barcas novas mandei lavrar

e no mar as mandei deitar,

ay mia senhor velida!

 

Barcas novas mandei fazer

e no mar as mandei meter,

ay mia senhor velida!

João Zorro jogral Sec. XIV